Fredy Guarín: Do auge do futebol à luta contra a depressão

Da Glória aos Abismos: A Jornada de Fredy Guarín

Fredy Guarín, um nome que ecoa nos estádios de futebol. Multicampeão pelo Porto, com passagens ilustres pela Inter de Milão e pela seleção colombiana, o jogador viveu um ano marcante no Vasco da Gama, entre 2019 e 2020. Neste período, brilhou com gols e atuações memoráveis em São Januário. Porém, a trajetória do atleta foi marcada por momentos sombrios, como ele próprio relatou em entrevista recente.

Em entrevista concedida à "Radio Caracol", o ex-jogador, aos 38 anos e aposentado, detalhou o sofrimento causado por uma depressão profunda. O isolamento imposto pela pandemia, com o futebol paralisado e a impossibilidade de retornar ao seu país, agravaram a situação.

Ele descreveu um período de profundo desespero, confessando comportamentos autodestrutivos: "- Eu ia para a favela lá no Brasil, me envolvia com qualquer mulher sem proteção. Me abandonei por completo. Bêbado, eu ia buscar o perigo, a adrenalina, ver armas, o movimento. Não media mais risco de nada - contou."

O Abismo da Depressão e a Tentativa de Suicídio

A entrevista revela a gravidade da situação: "Foram dias pesados, fiquei bêbado por 10 dias completos. Eu desmaiava de cansaço e acordava com uma cerveja do lado", completou. A fragilidade emocional culminou em uma tentativa de suicídio.

Guarín relatou o ato desesperado: "- Eu vivia no andar 17 e me desconectei da vida, de tudo. Minha reação foi pular (da varanda). Mas, por sorte, tinha uma tela de proteção. Eu saltei, e ela me devolveu. Obviamente eu estava inconsciente sobre o que estava acontecendo."

Ele descreve a falta de discernimento: "Eu sabia que em qualquer porre eu podia morrer. Cheguei a esse ponto, não me importava de me causar danos", concluiu. A revelação chocante expõe a dimensão da luta travada pelo ex-atleta contra a depressão e o alcoolismo.

Ascensão no Vasco e o Início da Queda

Sua chegada ao Vasco em setembro de 2019, após passagem pelo Shanghai Shenhua, foi promissora. O volante se adaptou rapidamente e teve boas atuações sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, marcando três gols em 12 jogos no segundo turno do Brasileirão. "Foram seis meses que fizeram eu me sentir o homem mais feliz do mundo", lembrou ele.

Porém, o início da temporada seguinte trouxe novos desafios. A separação de sua segunda esposa, em conjunto com o início da pandemia de Covid-19 em março de 2020, desencadeou uma espiral de problemas. Embora já tivesse enfrentado problemas com álcool no passado, a situação em 2020 atingiu proporções inimagináveis.

Apesar de seu sucesso inicial no clube carioca, a trajetória de Guarín no Vasco foi interrompida. Ele disputou apenas três partidas em 2020, todas antes do início da pandemia. Seu contrato foi rescindido em agosto do mesmo ano. Após uma breve passagem pelo Millonarios, na Colômbia, o jogador anunciou sua aposentadoria.

Reabilitação e um Futuro de Esperança

Atualmente, Guarín busca recuperação em uma clínica de reabilitação em Envigado, no departamento de Antioquia, Colômbia. Ali, ele cuida de cavalos e enfrenta seu alcoolismo. Há planos para o futuro: de acordo com a "Radio Caracol", ele será embaixador nos Estados Unidos de uma campanha de saúde mental para atletas no próximo ano.

A história de Fredy Guarín é um exemplo da fragilidade da saúde mental, mesmo entre aqueles que aparentemente alcançaram o sucesso. Sua jornada demonstra a importância do apoio e da busca por tratamento para quem enfrenta a depressão e o alcoolismo.

A trajetória do ex-jogador serve como um alerta sobre a necessidade de uma maior conscientização sobre a saúde mental no esporte e na sociedade como um todo. A jornada de recuperação de Guarín é uma demonstração de resiliência e esperança.