Absurdo e Retrocesso: Torcida Única Ameaça a Essência do Futebol Carioca

A Tradição Carioca em Risco: Clássicos no Maracanã Preservam a História

Walter Casagrande, outro renomado colunista, expressou sua preocupação com a postura do presidente Pedrinho, sugerindo que ele estaria "apequenando" o Vasco ao propor a torcida única contra o Flamengo. Casagrande argumenta que os clássicos entre os dois clubes pelo Brasileirão deveriam ser realizados no Maracanã, palco histórico dos grandes confrontos cariocas. "O Vasco então não tem mais condição de jogar com o Flamengo no Maracanã? Eu sou contra o jogo em São Januário ? o jogo tem que ser no Maracanã. A história do futebol carioca, dos grandes clássicos no Rio, é no Maracanã", defende Casagrande.

A defesa do Maracanã como palco dos clássicos não é apenas uma questão de tradição, mas também de segurança e infraestrutura. O estádio oferece melhores condições para receber grandes públicos e garantir a integridade de todos os torcedores. A insistência em São Januário, com restrições e a controversa proposta de torcida única, levanta questionamentos sobre a real intenção por trás dessa escolha.

Casagrande complementa: "O Pedrinho está apequenando o Vasco nessa fala. Não estou falando das atitudes dele, ele é ídolo do Vasco , é o presidente do Vasco , o presidente às vezes acerta, muitas vezes erra, mas nesse detalhe de jogo com o Flamengo ele está se apequenando." Essa declaração reforça a ideia de que a proposta de torcida única é um retrocesso para o clube e para o futebol carioca como um todo.

Foto: (Matheus Lima/Vasco)

O Perigo da Intolerância: Lições de São Paulo

Mauro Cezar Pereira aponta para os efeitos negativos da adoção de torcida única nos clássicos paulistas. Segundo o colunista, a medida não apenas falhou em resolver o problema da violência, mas também gerou um aumento da intolerância entre os torcedores. "Aqui em São Paulo, com a torcida única, se desenvolveu uma intolerância. Já existem gerações de torcedores mais jovens que não admitem que alguém use a camisa do rival no dia do jogo em que ele é mandante. Isso é um absurdo, um retrocesso, um atraso e eu sou veementemente contra isso não importa aonde", critica Mauro Cezar.

A experiência paulista serve como um alerta para o Rio de Janeiro. A imposição da torcida única não erradica a violência, mas sim a transfere para outros espaços e alimenta a animosidade entre as torcidas. Além disso, a medida afeta a cultura do futebol, restringindo a liberdade dos torcedores e impedindo a convivência pacífica nos estádios.

A Proposta Inaceitável de Torcida Única no Rio de Janeiro

A recente sugestão do presidente do Vasco , Pedrinho, de implementar torcida única nos clássicos contra o Flamengo em São Januário, provocou forte reação negativa de analistas esportivos. Mauro Cezar Pereira, colunista do UOL Esporte, classificou a ideia como "absurda" e um retrocesso para o futebol carioca. "O Vasco tem todo direito de lutar para jogar os clássicos cariocas em São Januário, mas a sugestão do presidente Pedrinho de torcida única contra o Flamengo é absurda", afirmou Pereira.

Pereira critica a normalização da discussão sobre torcida única no Rio de Janeiro, um estado com tradição de convivência pacífica entre torcedores rivais. "A discussão não é nem o direito do Vasco ou não de jogar em São Januário. A questão é torcida única e alguém levantar a possibilidade de torcida única no Rio de Janeiro, que foi o que fez o presidente do Vasco . Ninguém estava falando em torcida única, ninguém fala nessa coisa horrorosa, essa praga horrorosa que tem aqui em São Paulo e também já se espalhou por alguns estados brasileiros, que é sinônimo de falência do Estado", argumenta o colunista.

O colunista enfatiza que o Rio de Janeiro, apesar de seus problemas sociais, preserva a cultura de respeito e tolerância entre torcedores. "O Rio de Janeiro tem uma série de problemas, é milícia, é o tráfico, violência, um monte de coisa, mas ele tem uma coisa do futebol que é muito simbólica, que é você pode ir num jogo do Vasco contra o Flamengo com a camisa do Vasco ou do Flamengo, andar nos arredores do Maracanã e assistir lado a lado se você quiser ficar em um setor misto. Fla x Flu é a mesma coisa", ressalta Pereira.

O Direito do Vasco e a Segurança: Uma Linha Tênue

Mauro Cezar Pereira reconhece o direito do Vasco de jogar em São Januário, desde que o clube cumpra todas as exigências de segurança estabelecidas pelas autoridades competentes. No entanto, ele se mostra ????????????? contra a imposição de torcida única como condição para a realização dos jogos. "Sugerir isso foi uma frase muito infeliz do Pedrinho, embora jogar em São Januário seja um direito do Vasco , é óbvio, é o estádio dele, tem todo direito de lutar por isso. Mas não é isso que está em discussão", pondera o colunista.

A questão central, segundo Pereira, é a preservação da cultura do futebol carioca, que se caracteriza pela diversidade e pela possibilidade de convivência entre torcedores de diferentes clubes. A imposição da torcida única seria um golpe duro nessa tradição, além de representar um retrocesso na luta contra a violência nos estádios.