Engajamento da Torcida: Clubes Brasileiros e o Crescimento dos Programas de Sócio-Torcedor em 2024

O Cenário do Sócio-Torcedor no Futebol Brasileiro

A relação entre clubes e torcedores transcende as quatro linhas do campo, encontrando no programa de sócio-torcedor uma via de mão dupla. Para o apaixonado por futebol, é a chance de contribuir financeiramente com o clube do coração, desfrutando de benefícios exclusivos. Para as equipes, é uma fonte de receita crucial e um termômetro do engajamento da torcida. Em 2024, alguns clubes se destacaram nesse cenário, consolidando seus programas de sócio-torcedor como pilares de suas gestões.

Palmeiras, Atlético-MG, Internacional, Grêmio e Cruzeiro encerraram o ano como os cinco clubes com o maior número de sócios adimplentes no país. Esse ranking reflete não apenas a paixão de suas torcidas, mas também a eficiência de suas estratégias de engajamento e gestão de programas de sócio-torcedor. A busca por dados atualizados junto aos 40 clubes que disputaram as Séries A e B em 2024 revelou um panorama interessante sobre a quantidade de sócios em dia e o total da base, incluindo inadimplentes, embora este último dado tenha sido fornecido por apenas 11 equipes. É importante notar que os critérios de contabilização variam entre os clubes, com alguns como Palmeiras e Grêmio excluindo sócios com três meses de inadimplência.

Análise Financeira dos Programas de Sócio-Torcedor

Rodrigo Capelo, especialista em finanças do futebol, enfatiza a importância de três indicadores-chave para o sucesso financeiro de um programa de sócio-torcedor: a quantidade de sócios, o ticket médio e a taxa de inadimplência. Ter muitos associados não é garantia de receita se as mensalidades não estiverem em dia ou se o valor pago for muito baixo. Capelo destaca que "Se você tiver muitos sócios, mas eles pagarem muito pouco ou não estiverem com as mensalidades em dia, não significa praticamente nada."

A análise dos dados revela que Botafogo e Bahia se beneficiaram do engajamento gerado pelas SAFs, impulsionando o número de sócios e, consequentemente, o faturamento. O Flamengo, por sua vez, apresenta um número de sócios abaixo do potencial, devido ao ticket médio mais elevado. Já Vasco e São Paulo, mesmo com grandes torcidas, poderiam ter mais associados se investissem em campanhas mais agressivas, com preços acessíveis e canais de distribuição eficientes.

Palmeiras Lidera com Estratégia Inovadora

O Palmeiras se mantém na liderança do ranking com uma expressiva margem. O programa Avanti encerrou a temporada com cerca de 200 mil sócios adimplentes e uma receita de aproximadamente R$ 62 milhões até outubro, com a expectativa de ultrapassar os R$ 70 milhões até o final do ano. O sucesso do clube paulista é atribuído, em parte, à criação do Palmeiras Pay, que potencializou os números do Avanti. Segundo Everaldo Coelho, diretor de marketing do Palmeiras, "Quem abre uma conta digital do Palmeiras ganha um período de degustação do Avanti, durante o qual usufrui das vantagens do programa e acaba optando por continuar. Desde o lançamento do Palmeiras Pay, ganhamos quase 100 mil sócios-torcedores ativos, que estão em dia com suas mensalidades".

Atlético-MG Ascende e Grêmio Enfrenta Desafios

O Atlético-MG alcançou a segunda posição no ranking, ultrapassando a dupla GreNal. O programa Galo na Veia registrou um aumento de 25% no número de sócios adimplentes, saltando de 90.520 para 113.169. Enquanto o Galo celebrava o crescimento, o Grêmio enfrentava um ano de desempenho abaixo do esperado tanto em campo quanto no programa de associados. O Imortal apresentou a maior queda entre os clubes, com uma redução de 19% em sua base de sócios ativos, que passou de 120.878 para 98.153.

O Internacional, por sua vez, aproveitou o bom momento em campo para ultrapassar o rival Grêmio. O Colorado aumentou sua base de sócios adimplentes em 3%, passando de 103 mil para 107 mil. Victor Grunberg, vice-presidente do Inter, destacou que "O Internacional sempre foi referência quando falamos em sócio-torcedor, e este ano não vem sendo diferente, mesmo com esse período sem jogos em casa. Além das inúmeras ativações que fazíamos junto aos sócios em dias de jogos, e que a partir do dia 7 voltarão a serem feitas, também temos o nosso aplicativo, o Mundo Colorado, que proporciona aos nossos associados uma série de opções e facilidades, sempre com benefícios e ações exclusivas".

Cruzeiro e Vasco Impulsionados por Crescimento Significativo

O Cruzeiro foi o clube com o maior crescimento no número de associados com as mensalidades em dia, registrando um aumento de 39% entre os levantamentos de julho e dezembro. O Sócio 5 Estrelas passou de 58.221 para 81.004 sócios, consolidando-se como o quinto maior programa do país. O Vasco também apresentou um crescimento robusto, com um aumento de 38% em sua base de sócios adimplentes, que passou de 45 mil para 62.153. A chegada de Coutinho e as campanhas promocionais foram fatores que impulsionaram esse crescimento. O Botafogo, impulsionado por uma temporada histórica, também viu seu número de sócios ativos aumentar em 37%, passando de 59.045 para 80.977.

Ranking Atualizado e Desafios da Temporada

O ranking completo dos clubes das Séries A e B de 2024 com mais sócios adimplentes revela um cenário diversificado, com clubes de diferentes portes e regiões do país. O Palmeiras lidera com 197.327 sócios, seguido por Atlético-MG (113.169), Internacional (107.265), Grêmio (98.153) e Cruzeiro (81.004). A lista inclui também clubes como Botafogo, Flamengo, Bahia, Vasco , São Paulo, Fluminense, Santos, Fortaleza, Corinthians, Vitória, Athletico-PR, Ceará, Coritiba, Sport, Criciúma, entre outros.

É importante ressaltar que os programas de sócios dos clubes variam bastante ao longo da temporada. O aumento da inadimplência no final do ano e a renovação dos planos no início da temporada seguinte são fatores que influenciam a base de sócios. Além disso, jogos de grande magnitude impulsionam o número de associados, como o caso do Amazonas, que bateu recorde de sócios simultâneos às vésperas do confronto contra o Flamengo pela Copa do Brasil. A gestão eficiente dos programas de sócio-torcedor é, portanto, um desafio constante para os clubes brasileiros.