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Vitor: O Drible de Raúl, a Lesão Esquecida e a Redenção com Antônio Lopes
Por Redação FutVasco em 09/09/2024 11:11
A Derrota Dolorosa que Marcou a Carreira
No dia 26 de agosto de 1998, a história do Vasco da Gama se escrevia em letras de ouro. A conquista da Copa Libertadores, o título mais importante da história do clube, coroava um ano mágico. A vitória por 2 a 1 sobre o Barcelona de Guayaquil, no Equador, consagrava um jogador que já havia conquistado a taça por São Paulo e Cruzeiro: Vitor.
Vitor , o lateral-direito que ostentava o título de único brasileiro a conquistar a Copa Libertadores por três clubes diferentes, viveria um momento crucial três meses depois. O palco: a final do Mundial de Clubes, em Tóquio. O adversário: o poderoso Real Madrid. E a lembrança que o persegue até hoje: o drible de Raúl.
Aos 38 minutos do segundo tempo, em um lance que virou pesadelo para os vascaínos, o atacante espanhol passou por Vitor , que havia entrado no lugar de Vágner, e por Odivan, antes de marcar o gol da vitória merengue. O Vasco , após empatar com um gol de Juninho Pernambucano, perdia o título mundial.
O Peso do Erro e a Busca pela Redenção
A frustração de Vitor , que sonhava em dar ao Vasco o título que já havia conquistado com o São Paulo em 1992, é palpável. Aquele lance, que o marcou profundamente, o acompanhou por duas décadas e meia.
Em uma entrevista concedida ao ge, Vitor relembra o momento em que Antônio Lopes, o treinador do Vasco em 1998, o incluiu em sua seleção com os 11 melhores jogadores que ele dirigiu no clube. "Quando eu vi essa entrevista dele me renovou. É como se eu estivesse andando com o carro na reserva e alguém enchesse meu tanque. Renovou a minha mente. Me culpo pelo erro, mas ele me renova neste momento da minha vida", confessou.
As palavras de Antônio Lopes, um dos maiores treinadores do futebol brasileiro, representaram um bálsamo para a alma de Vitor . Aquele reconhecimento, uma espécie de "cura" para a ferida que carregava há anos, trouxe de volta a esperança e a paz.
Uma Carreira de Glórias e Dificuldades
Vitor , um jogador de origem humilde que começou a carreira na roça, construiu uma trajetória vitoriosa. Campeão brasileiro com o São Paulo, bicampeão da Copa do Brasil com Corinthians e Cruzeiro, ele coleciona momentos memoráveis.
Mas a carreira de Vitor também foi marcada por desafios. O lateral-direito, que teve a oportunidade de defender o Real Madrid em 1993, foi vítima de um golpe que lhe custou US$ 50 mil. "Eu tinha luvas para receber, e eles demoraram para me pagar. Era US$ 50 mil. Apareciam nos jornais matérias de que eu estava lesionado e tal, e um cara me ligou dizendo que era de Portugal e que o Benfica estava me querendo: 'Você estava muito bem no São Paulo, você tem que jogar'. Eu carente, recuperando, fiquei impressionado. Ele me perguntou se o Real Madrid tinha me pagado tudo direitinho e eu disse que tinha esse valor das luvas. Ele se ofereceu para ir até Madri resolver para mim. Ele chegou lá em um carro simples, achei estranho, mas ele ficou de reaver o meu dinheiro. Ele negociou e se ofereceu a levar o dinheiro para o Brasil, dizendo que ia resolver uns assuntos com jogadores dele aqui e me ajudaria para eu não ter que pagar os impostos. Peguei o dinheiro em espécie com o Real Madrid e entreguei para esse cara. Avisei a um amigo para receber ele no aeroporto no Brasil, mas o cara nunca chegou. Caí num golpe.", revela Vitor .
A Lesão Esquecida que Mudou a História
Em 1998, Vitor sofreu uma lesão no joelho durante uma partida do Campeonato Brasileiro contra o Santos. Ele não jogou mais pelo Vasco até a final do Mundial, mas foi relacionado para a viagem ao Japão. "Eu estava emprestado ao Vasco , meu passe era do Cruzeiro. Eu não estava treinando nada, só recuperando e decidiram que todos iam para o Mundial. O único machucado mais grave ali era eu, tanto que a gente ficou lá uma semana e eu não treinei, só fiquei recuperando. Fui para o apronto, que era o último treino, de dois toques, e depois fui para o jogo. Coisa que não aconteceu no São Paulo nem no Cruzeiro. Se fosse hoje iam falar que eu não poderia nem ir para o banco. Nessa época meu ligamento cruzado estava rompido, por isso ele ficou com medo de fazer a ressonância. Como eu estava fortalecendo, eu não senti dor.", explica Vitor .
Após a final do Mundial, Vitor fez uma ressonância e descobriu que seu ligamento cruzado estava rompido. "Se eu tivesse feito a ressonância mudava totalmente a minha história. Isso não é desculpa, é fato. Eu não poderia ter jogado, mas eu não podia falar que não ia para o jogo, porque eu fiquei tratando lá. Eu fico triste por isso. Não por mim, mas pelos torcedores, porque não merecem isso. Quem joga está sujeito a erros.", afirma Vitor .
A frustração de Vitor é ainda maior quando se considera que ele estava em plena recuperação de uma lesão grave e que não havia feito um exame mais aprofundado antes de viajar para o Japão. "Eu não estava treinando nada, só recuperando e decidiram que todos iam para o Mundial. O único machucado mais grave ali era eu, tanto que a gente ficou lá uma semana e eu não treinei, só fiquei recuperando. Fui para o apronto, que era o último treino, de dois toques, e depois fui para o jogo. Coisa que não aconteceu no São Paulo nem no Cruzeiro. Se fosse hoje iam falar que eu não poderia nem ir para o banco.", desabafa o ex-jogador.
O Legado de um Guerreiro
Vitor , que se aposentou em 2007, deixa um legado de garra, determinação e profissionalismo. Apesar dos momentos difíceis, ele se orgulha de sua trajetória e continua a contribuir com o esporte, através de um projeto social de futebol para crianças e de uma empresa que organiza eventos com times de masters.
A história de Vitor é um exemplo de superação, de um jogador que, mesmo diante de desafios e erros, nunca deixou de lutar por seus sonhos. E, ainda que o drible de Raúl tenha marcado sua carreira, o lateral-direito encontrou a paz e a redenção nas palavras de Antônio Lopes, um dos homens que o ajudaram a construir sua história no futebol.
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