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Werley: "Sacanagem comigo" no Vasco, "apagões" em campo e o sonho de ser técnico
Por Redação FutVasco em 14/10/2024 09:41
Aposentadoria precoce e saúde mental
Após uma carreira vitoriosa no futebol brasileiro, o ex-zagueiro Werley decidiu pendurar as chuteiras aos 36 anos. A decisão, tomada em 2023, foi motivada por problemas de saúde mental que o atormentavam desde 2022, quando defendia o CSA.
Em entrevista exclusiva ao ge, Werley revelou que sofria com tonturas e "apagões" durante os jogos, sintomas que atribui ao estresse da rotina no futebol de alto nível. "O futebol te desgasta muito psicologicamente. Em 2022, acabei tendo umas dores de cabeça, às vezes no jogo ia chamar um companheiro e as vistas escureciam e tal. E aquilo ali acabou gerando muita preocupação", contou.
Após uma bateria de exames, nenhum problema físico foi encontrado, confirmando a influência da pressão e da cobrança do futebol na saúde mental do jogador. "Era o estresse mesmo da sequência, de tanto tempo jogando em alto nível, a cobrança é muito grande. Não só a cobrança externa, mas a cobrança nossa mesmo", disse Werley .
Em busca de paz e sossego, Werley trocou os gramados pela pacata Oliveira, sua cidade natal, localizada a 150 km de Belo Horizonte. "Hoje vivo em Oliveira, que é minha cidade-natal, que fica a 150 km de Belo Horizonte. Hoje é difícil manter a rotina de treinamento, mas eu procuro todo dia fazer o exercício físico, porque eu sempre gostei muito de treinar", afirmou.
A saída conturbada do Vasco
A passagem de Werley pelo Vasco, entre 2018 e 2020, teve um final amargo marcado por uma briga judicial por salários atrasados. O ex-jogador acusa o clube de "sacanagem" e relata a frustração de ter sido afastado do elenco e de ter ficado seis meses sem receber salário.
"Isso me deixa triste, porque o clube não tem nada a ver. A instituição fica. As pessoas passam, ela fica. Só que naquele momento tinha quem poderia intervir. E uma coisa que me deixou muito magoado foi eles terem pagado três salários para todos os jogadores do elenco e não ter pagado nenhum para nós que estávamos afastados", desabafou Werley .
Werley afirma que o Vasco teria pedido para ele abrir mão do restante do contrato, o que ele se recusou a fazer. "Eles queriam que eu abrisse mão da metade do meu contrato, que eu tinha mais 2 anos e 3 meses. Mais atrasados que eles deviam, e eu não vou abrir mão. É direito meu. Foi direito conquistado. Porque eu tive uma oportunidade de ir pra Turquia e não fui liberado e acabei renovando meu contrato", revelou.
O sonho de ser técnico
Apesar da frustração com o final da carreira, Werley não pretende se afastar do futebol. Em junho de 2023, ele obteve a licença B de treinador pela CBF e já planeja seus próximos passos na carreira.
"Quero começar devagarzinho, começar como auxiliar dentro de um grande clube. E aprendendo para que eu possa novamente realizar esse sonho de ser treinador, eu tenho a certeza que vai dar certo. A experiência que foi adquirida também na sequência da carreira, jogando, acaba ajudando um pouco também", disse Werley .
Relembrando a carreira: Galo, Grêmio e a fama de "zagueiro artilheiro"
O ex-zagueiro relembra com carinho sua trajetória no Atlético-MG, clube que o revelou para o futebol. Apesar de ter passado por dificuldades na base, Werley se firmou no time profissional e conquistou o Campeonato Mineiro em 2010.
A chegada de Vanderlei Luxemburgo ao Galo em 2010 foi crucial para a ascensão de Werley na equipe. "O Vanderlei foi um cara que eu aprendi muito. Quando ele chegou no Atlético, algumas pessoas falavam que eu tinha que sair do Atlético, porque o Vanderlei "só gostava de medalhão". O que eu pude fazer, eu fiz, que era trabalhar no dia a dia e treinar. E assim tomei muita dura dele, mas é um cara que me fez evoluir bastante assim na leitura de jogo, a forma de abordar o atacante. É um cara que eu tenho a gratidão enorme", afirmou.
Em 2012, Werley se transferiu para o Grêmio, onde teve a oportunidade de jogar ao lado do ex-volante Gilberto Silva, campeão do mundo em 2002 pela Seleção Brasileira. "O Gilberto nem sujava o uniforme. É de uma elegância absurda. Ele cortava caminho e foi me ajudando, me orientando. Às vezes tinha jogo que eu estava um pouco para baixo, ele ia lá e me sacudia. Ter passado um ano com o Gilberto foi muito importante para a minha vida, e nós fizemos um ano maravilhoso, fomos a zaga menos vazada do Brasileiro junto com o Fluminense", relembrou.
O último gol do Estádio Olímpico
Werley também teve a honra de marcar o último gol da história do Estádio Olímpico, em Porto Alegre, em 2013. "Eu não esperava que fosse o último gol, que fosse o último jogo. Todo ano, quando o Olímpico faz aniversário, o pessoal entra em contato para poder fazer matéria. Isso é gratificante, porque o Olímpico é um estádio que para os gremistas é referência. O Grêmio foi tão feliz naquele estádio e eu tive a oportunidade de jogar nele em 2012 e alguns jogos em 2013 até esse último jogo. Só lembranças boas, e acabou que a gente ficou na história do estádio", disse.
Um "zagueiro artilheiro"
Werley se tornou conhecido por sua habilidade no ataque, mesmo atuando como zagueiro. Em 2012, ele marcou 9 gols pelo Grêmio, um número expressivo para a posição.
"Eu sempre treinei muito cabeceio. Eu falo que cabecear bem é 60% do batedor. Naquele ano, a gente tinha muitos jogadores que batiam muito bem a bola parada. Nós tínhamos Zé Roberto, Elano, Edilson, Marco Antônio, Marquinhos. Então sempre que alguém não jogava tinha um bom batedor disponível. É engraçado que depois que você faz um gol, aquilo ali vai te gerando um desejo de querer outro. A gente tinha uma jogada muito forte, que era no primeiro pau, Vanderlei treinava muito também. E foi dando certo, e eu fiz nove gols no ano, um número bem expressivo para zagueiro", explicou.
O futuro no futebol
Apesar dos desafios e contratempos, Werley demonstra entusiasmo com o futuro. A experiência como jogador e a paixão pelo futebol o impulsionam para a nova fase como treinador.
"A gente fica triste, porque poderiam ter reformado esse estádio, que é muito bem localizado dentro de Porto Alegre. Poderia ter feito um projeto para ajudar as pessoas, não sei. A gente fica triste da forma que ele está abandonado, acho que ele poderia servir para outras coisas. Tomara que se resolva o mais rápido possível e que o Olímpico possa ficar marcado para sempre na mente dos gremistas. Que ele possa ter um fim digno", finalizou.
O ex-zagueiro Werley revelou que sofreu com "apagões" em campo antes de se aposentar por problemas de saúde mental. Ele também falou sobre a saída conturbada do Vasco : "Sacanagem comigo". https://t.co/R0W8T6n1gD
— ge (@geglobo) September 28, 2023
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